quinta-feira, 31 de julho de 2008

O caminho inverso

Ao contrário do que muita gente pensa, os discípulos que Jesus chamou para o seguir não eram pessoas desocupadas que não tinham nenhuma outra opção na vida. Eles não aceitaram seguir a Cristo porque um dia pensaram “Se nada mais der certo na minha vida eu viro apóstolo”, e como não deu eles escolheram fazer parte do ministério de Jesus. Nada disso.
A Bíblia nos relata que esses homens a quem Jesus chamou eram pessoas que poderiam seguir seus próprios caminhos, que poderiam tocar suas vidas normalmente e serem bem sucedidas em termos materiais, como alguns deles eram. Poderiam viver uma vida tranqüila e sem preocupações. Por exemplo. Pedro não era rico, mas também não era miserável. Ele e seu irmão André eram pescadores autônomos, tinham seu próprio negócio. João e Tiago, os filhos do trovão, eram filhos de um empresário do ramo da pesca, eles possuíam barcos e empregados ao seu serviço. Levi (Mateus), trabalhava na coletoria, era funcionário público, quem sabe seria hoje um auditor fiscal da receita ganhando seus nove mil e uns quebrados. Lucas não fazia parte dos doze, mas também seguia a Cristo, ele era médico, bem formado poderia ganhar muito dinheiro exercendo seu ofício. O que há em comum entre eles? Todos eles largaram tudo para seguirem a Cristo. Pedro pendurou as redes, Tiago e João desistiram dos seus negócios, Levi largou o emprego público e Lucas fechou o consultório, se é que ele possuía um.
A grande questão é a seguinte. Será que estamos buscando fazer o caminho inverso que eles fizeram?
Esses homens, a quem citei, abriram mão de tudo que a maioria de nós está buscando. Eles abriram mão do que era material por causa de um propósito maior. Quantos não estão em busca do próprio negócio, da estabilidade de um emprego público, de uma formação que possa proporcionar uma vida tranqüila e sem preocupações? Esses que seguiram a Jesus deixaram tudo isso, talvez querendo nos ensinar que existe um motivo maior para existir, ao invés de satisfazermos nossos próprios desejos. Não estou dizendo para deixarmos de sonhar com essas coisas, mas com certeza devemos ter em nossa mente que nenhum outro projeto de vida é maior do que seguir a Jesus e às vezes para seguí-lo, para realizarmos o sonho que Ele sonhou para nós é necessário estar desprendido de todo tipo de valor e tesouro terrestre. Você está disposto?
Quanto a mim, eu peço. “Oh Senhor, dá-me graça”.

“E deixando ele(Mateus) tudo, levantou-se e o seguiu”.Lc.5:28.

Pense nisso!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Estou em Cristo

Estive lembrando esses dias de uma expressão muito forte, que se repete inúmeras vezes no Novo Testamento, principalmente na Epístola aos Efésios. Falo da expressão "em Cristo".

Porque digo que ela é forte? Por exemplo. Quando alguém pergunta "onde você está?" e sua resposta é "estou em casa", isso faz referência ao lugar onde você está. Isto é, você está em casa, mas não do lado de fora dela, em cima da laje ou no telhado. Você está dentro dela.

Essa é justamente a minha reflexão a respeito de nosso posicionamento espiritual. Antes de conhecermos a Jesus estávamos longe, distantes, perdidos com relação a Deus, mas agora que o encontramos, ou antes, fomos encontrados por Ele já não estamos mais nessa condição. Hoje quando nos perguntam onde estamos podemos responder com toda segurança "Estamos em Cristo". Não do lado de fora, mas dentro Dele. Estando dentro dele se pensa como Ele, se fala como Ele, se sente como Ele, se age como Ele e se vê como ele , pois já não estamos pensando com a nossa mente, mas com a mente Dele, nem sentindo com nosso coração, mas com o coração Dele, os olhos já não são os nossos olhos, mas são os olhos de Jesus e nossa boca a boca do Salvador. É por isso, e apenas por isso que Paulo escreve aos Coríntios dizendo que "quem está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo", visto que é impossível estar em Jesus e continuar sendo a mesma pessoa.

Antes estávamos fora de Jesus, agora estamos dentro Dele. Em Jesus existe do um mundo, um universo, um infinito a ser vivido. Em Jesus eu tenho a liberdade de me perder dentro dele sem a preocupação de me encontrar. Perdido em Jesus estou salvo, seguro, feliz e realizado. Em Jesus o diabo não me toca, pois para tocar em mim terá que tocar em Jesus, terá de me arrancar de dentro Dele e esse poder ele não tem. É por isso que João escreve que "aquele que nascido de Deus, não vive na prática do pecado, antes se conserva a si mesmo e o maligno não lhe toca". Nossa segurança é que estando em Jesus, só quem está dentro tem o poder de sair. É o livre arbítrio quem garante. Em Jesus a maçaneta só existe do lado de dentro.

Dentro de Cristo estamos assentados em lugares celestiais, em posição de autoridade, por isso o mundo espiritual nos respeita. Não porque freqüentamos uma igreja ou porque somos evangélicos, mas porque estamos em Cristo. Em Cristo reinamos em vida. Em Cristo, como ele morremos e ressuscitamos. Em Cristo fomos crucificados, por isso o pecado já não tem domínio sobre nós. É por estarmos em Cristo que podemos ter bom ânimo para viver, pois Ele é aquele que diz "Eu venci o mundo".

Pense nisso.

terça-feira, 15 de julho de 2008

O que é saudade?

Devemos ter feito algo de muito grave, para sentirmos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
Dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe,
Saudade de uma cachoeira da infância,
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais,
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu,
Saudade de uma cidade,
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem estas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar no quarto e ela na sala, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela pra faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada,
Se ele tem assistido às aulas de inglês,
Se aprendeu a entrar na Internet,
A encontrar a página do Diário Oficial,
Se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
Se ele continua preferindo Malzebier,
Se ela continua detestando McDonalds,Se ele continua amando,
Se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
É não saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro,
Se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que eu estive sentido enquanto escrevia
E o que você provavelmente estará sentindo depois que acabar de ler.
Texto de Miguel Falabella

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Confissões de um cristão meio torto

Devo confessar que sinto uma certa ponta de inveja daqueles que têm uma comunhão bastante próxima com Deus. Suas orações apaixonadas, a expressão emocionada murmurando baixinho palavras de amor, olhos fechados, mãos levantadas, uma lágrima escorrendo pelo rosto. Sim, admiro quem depois de uma hora com o Senhor abre os olhos, enxuga a face molhada, e apresenta uma expressão serena de quem esteve aconchegado nos braços do Pai.

Olho para mim, e é só dificuldade. Como me é difícil manter a mente centrada no Senhor. Os pensamentos vão ao céu e voltam à Terra numa rapidez que não consigo controlar. Justo no momento que quero só pensar em Deus e estabelecer uma conversa agradável, pequenas cenas do dia entram abruptamente no caminho e elas me afastam dAquele que deveria ser o centro de minha atenção. Quando finalmente consigo firmar o pensamento nas coisas lá do Alto, uma lembrança do que preciso fazer amanhã me vem à mente, e deixo-me levar pela preocupação que ela me traz.

No louvor esforço-me para estar diante da presença de Deus, de adorá-lo em espírito e em verdade, mas confesso que muitas vezes o louvor torna-se um simples cantar. Incomoda-me a letra fraquinha, o som estridente da guitarra, o ritmo que não gosto, e depois quando termina não tenho muita certeza se adorei ao Senhor.
Depois de uma mensagem abençoada, ajoelho-me ao altar e prometo a partir daquele dia descansar no Senhor. Faço um pacto com Deus para não mais me exasperar diante do imprevisto, não reclamar mais das pequenas intempéries da vida, não me sentir ansioso diante do desconhecido, e não pensar mal daquele irmão que insiste em não gostar de mim. Vinte e quatro horas depois esqueço-me daquela segurança sentida no dia anterior e vejo-me tentado a pensar mais uma “vezinha só” nos problemas. E como uma vez só não me permite resolvê-los, vou estendendo meus pensamentos e preocupações durante o dia, até que me pego submergindo inteiramente dentro deles.

Fico pensando quantas vezes recrimino os que são detentores de vícios ou defeitos de caráter, mas quando olho para mim e observo aquela pequenina, persistente e inocente “tentaçãozinha”, sinto-me como um moderno fariseu pronto a colocar pesados fardos nas costas alheias e vejo minha auto-imagem ser abalada.

Folheio livros de auto-ajuda cristã e todos ali são vencedores, não há problemas que eles não vençam. Ouço o mais novo líder de ministério em evidência (sempre surge um novo), e descubro que Deus lhe deu todas as “dicas” para ser bem-sucedido no seu ministério, e eu aqui no meu gabinete pastoral sentado à frente daquele irmão que chora, às voltas com um problema que não vejo solução. E o que é pior, Deus não me sopra nenhuma resposta para dar àquele sofredor.

Da mesma forma ouço alguns programas no rádio do carro, de pastores curando, libertando, tirando o câncer, a asma, a bronquite e a artrite de seu rebanho e eu sem saber o que dizer à Beatriz, estendida na cama há 2 anos, sofrendo de uma dor ininterrupta em suas costas, que a paralisa completamente.
Embora tenha consciência do peso dessas confissões nada alegres, não me sinto desesperado, nem abandonado por Deus, nem necessitando de uma nova unção. Estranhamente, há uma paz dentro de mim, há algo me sustentando quando me resvalam os pés. Estranhamente sinto que, de alguma forma, em algum lugar, Deus me ama tanto que mesmo em meio às mais profundas decepções, aparentes derrotas, e orações não atendidas, Ele está ali pacientemente olhando para mim.

Minha tranqüilidade e confiança está em saber que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar mais e não há nada que venhamos a fazer para que Deus nos ame menos.

Tenho aprendido a observar que Deus quer usar o vaso de barro que Ele fez. Deus não prescinde dessa argila torta, mas deseja ardentemente que o Seu tesouro preencha justamente esses falíveis e frágeis pecadores que somos nós. Jesus nunca rejeitou a Pedro por ser intempestivo, explosivo e temperamental. Deus não procurou outro profeta para colocar no lugar de Jeremias porque ele era claramente um depressivo que pedia a morte para si. Nem rejeitou a Ezequiel que parecia não bater bem da cabeça, nem a Jacó por ser mentiroso contumaz. O fato de muitas vezes agir como uma criança desastrada, mas querendo acertar, me leva a pensar que Deus também olha pra mim com a mesma compaixão e carinho que olho para o meu filho quando age desastradamente.

Decepcionado com Deus porque ele não me ouviu? João Batista teria muito mais motivos que eu, jogado numa masmorra por sua fidelidade a Deus. É verdade, que ele, assim como tantas vezes eu, pode ter se sentido em dúvida, desamparado, abandonado, sozinho. E daí? Ele também era um vaso de barro como nós. E Jesus não lhe recrimina por isso, mas diz dele: “nunca houve homem como esse”. Precisamos parar de achar que só os “vitoriosos” é de quem Deus se agrada. Essa é uma lógica mundana, que adentrou os átrios da igreja, e diante de alguma tragédia ou acidente na vida de um crente, logo imagina-se o quão longe ele deveria estar de Deus para lhe suceder tamanhas vicissitudes.

Entristecido porque Deus não respondeu às minhas orações? Meu ego ferido pela oração não respondida, é a porta que Deus usa para me falar. Saibam que Deus fala muito mais através de um ego ferido que pelas bênçãos acumuladas.

Preocupado por não sentir constantemente a presença de Deus? Não. Vejo na Bíblia a promessa de que Deus estaria sempre ao meu lado e não a promessa de que eu sentiria “sempre” a sua presença. Uma coisa é a certeza da onipresença divina, outra coisa é a manifestação dessa presença. Quanto maior a fragilidade da fé, maior a necessidade que Ele revele Sua presença. Quanto mais sei da fidelidade de Deus menos tentado fico a “exigir” que Ele se manifeste.

Se você também tem muito a confessar de suas fraquezas, de seus erros, de suas derrotas, de suas dificuldades em orar e adorar, não hesite. Confesse-as ao Senhor. Ele quer ouvi-lo. E sossegue o seu coração.

Autor(a): PR. DANIEL ROCHA
Pastor da Igreja Metodista em Itaberaba, S.Paulo e Psicólogo