quinta-feira, 14 de maio de 2009

Toma lá, dá cá


Não é minha intenção fazer comentários sobre nenhum programa humorístico da TV, só achei o título apropriado.
Toma lá, dá cá é o tipo de relacionamento que nós costumamos ter com nosso próximo. Se alguém faz algo por nós ficamos em dívida com essa pessoa. Se fizermos um favor para alguém essa pessoa fica em dívida conosco. Muita gente vai dizer “mas eu não ajo assim”. Então experimente ajudar uma mesma pessoa diversas vezes. Vá a essa pessoa, peça ajuda e receba um “não” como resposta. Imediatamente virá a sua memória todas as vezes que você a ajudou e agora que você precisa não foi ajudado. Indignação. É isso que você sentirá. Isso porque no seu íntimo existia o sentimento de que alguém que você ajuda sempre fica em dívida com você pelas vezes que você creditou na vida dela. Toma lá, dá cá. Isto é, eu te ajudo, mas quando eu precisar você me ajuda. Essa é lei dos homens.
Digo isso, porque costumamos transferir essa mesma relação humana de barganha, de toma lá, dá cá para Deus, por isso, temos dificuldade de compreendermos a graça de Deus.
A graça, para maioria de nós, ainda nos parece um segredo encoberto, indecifrável, porque estamos acostumados com essas relações humanas de segundas intenções, de pseudobondade, dessa expectativa velada de recompensa ou proveito pelo bem efetuado. Assim, começamos achar que Deus também é desse jeito, só que Deus não estabelece um relacionamento conosco com base nos relacionamentos humanos, por isso, ele é Deus.
Quantos ainda se aproximam do Deus de toda graça com o pé atrás por toda bondade que ele tem demonstrado a nós. As pessoas ainda estranham esse tão grande amor de Deus. Encarnação, sofrimento, morte, ressurreição, promessas, vida eterna. Tudo isso por um simples ato e fé e obediência em amor? Os benefícios são infinitamente maiores que a parte que cabe a mim, mas é exatamente isso que graça propõe.
Mas quando a esmola é muita o santo desconfia. É o que pensam alguns, e incomodados com a avalanche de bondade e amor de Deus, tentam inutilmente pagar-lhe todos os benefícios recebidos, pois se sentem mal por estarem em dívida com Ele. Só que ao contrário disso a graça não imputa dívida, ela cancela a dívida. Sendo assim, todo tipo de trabalho e esforço em nome de Deus que não for feito por amor é inútil, é sentimento de culpa, é sentimento de dívida. Nossos esforços para Deus ou em nome de Deus praticados sem amor são apenas tentativas humanas de comprarem as bençãos de Deus sem ficar devendo nada a Ele, mesmo sem haver dívida alguma.
Graça foi a decisão que Deus tomou de ser bom em troca de nada. Está tudo consumado em Cristo, o que nos resta é apenas aceitarmos de graça, essa graça oferecida a nós.

Pense nisso.

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