quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O Pai arrancou as rodinhas

Lembro-me de quando meu amigo Jodson Gomes comentava sobre um sermão proferido pelo seu pastor com esse tema. Na verdade não lembro muita coisa do que ele me disse, mas o tema não saiu mais da minha cabeça e fiquei refletindo sobre isso.
Quando era criança, isso já faz bastante tempo, eu tinha uma bicicleta Caloi azul. Como ainda não tinha aprendido a andar de bicicleta meu pai colocou duas rodinhas nela. Com o auxílio daquelas rodinhas fui aprendendo a me equilibrar, então percebendo meu avanço meu pai tirou uma rodinha. Encontrei um pouco de dificuldade, depois me acostumei e já não sentia falta dela. Passado mais algum tempo, meu pai tirou a outra rodinha e para minha surpresa percebi que já podia andar de bicicleta sem ajuda de nada e de ninguém.
Penso que a vida cristã também é assim, como aprender a andar de bicicleta. No começo precisamos de rodinhas, ou então do pai bem perto segurando para não cairmos. No início da tentativa uma queda pode produzir muitos traumas. No início tudo parece difícil, então o Pai fica bem perto e com freqüência nos dá dicas de como podemos nos equilibrar. Ele está sempre falando conosco, sua voz parece sempre presente. Seja na leitura da Bíblia, seja através das visões, revelações, profecias e etc., mas parece que com o passar do tempo a voz do Pai parece mais distante, mais difícil de ser ouvida, e sua presença mais difícil de ser sentida e começamos a nos perguntar: o que foi que aconteceu?
Algumas vezes tenho me sentido assim. Olho pra dentro de mim e me pergunto se perdi o primeiro amor. Volto os olhos para Deus e pergunto a ele onde estou errando e porque a sua voz tem sido tão rara comigo. Questiono onde estão as lágrimas e o coração que se quebrantava com tanta facilidade. Pergunto porque sua presença parece tão distante. O procuro em sua Palavra e parece que não encontro. Torço para que ele use alguém mesmo que seja para me repreender, mas tudo que tenho é o silêncio. Na verdade não entendo muita coisa.
Creio que a maioria dos homens de Deus um dia já passou por isso: Abraão, Davi, Habacuque e Jó, que chegou a dizer "clamo a ti, porém, tu não me respondes; estou em pé, porém, para mim não atentas" Jó.30:20 e tantos outros. Porque não poderia estar acontecendo comigo? Talvez isso faça parte do processo de amadurecimento. Talvez eu deva aprender a crescer na fé em meio ao silêncio. Quem sabe?
Não descarto a possibilidade de que o problema esteja realmente em mim, e é bem provável que sim, quem sabe eu preciso de um auto-exame espiritual mais rigoroso. Quantas vezes achamos que estamos agradando a Deus, mas pequenas coisas o entristecem, mas também pode ser que o Pai tenha simplesmente arrancado as rodinhas.

Nele, Jesus. Que se esconde, mas nunca ausenta. Que pode parecer distante, mas está sempre perto.

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